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sábado, 1 de novembro de 2008

Mulher de Darly Alves, homem que matou Chico Mendes, é assassinada

Rio Branco (AC) -- A esposa do fazendeiro Darly Alves da Silva , 72 anos de idade, Francisca Vanderlei Martins, de 38, foi assassinada, neste domingo (16), com um tiro de espingarda na nuca enquanto dormia em uma rede na varanda da residência de Darly, na fazenda Paraná, na BR-317, a 25 quilômetros de Xapuri.

O principal suspeito é um dos filhos do fazendeiro, José Góes Neto da Silva, 18, [foto] recém-chegado do estado do Pará, onde vive com a mãe. Ele foi preso ainda na tarde do domingo, em Rio Branco, pelo delegado Mardílson Vitorino. Carregava no bolso a cápsula vazia calibre 16, supostamente utilizado para cometer o crime.
Darly Alves, que cumpre prisão domiciliar em Xapuri, foi ouvido ainda na noite de ontem por Mardílson Vitorino. Ele afirma que dormia quando ouviu um tiro e correu para a parte de fora da casa encontrando sua mulher agonizante com um tiro na região da nuca e envolta em uma poça de sangue.

Após constatar a morte de Francisca, Darly contou que foi ao quarto onde estava José Góes e não mais o encontrou. Como também não achou a espingarda que, segundo ele, pertencia ao acusado, concluiu ter sido ele o autor do disparo que matou a sua companheira, tendo se dirigido à rodovia pedir ajuda e comunicar o fato à polícia.

Darly afirmou desconhecer qualquer motivo para que o filho tirasse a vida de sua companheira, mas levantou a hipótese de o crime ter sido cometido por ciúmes. De acordo com ele, José Góes não gostava de Francisca Vanderlei por nutrir o desejo de que o pai reatasse a relação com sua mãe, Margarete, que vive no Pará.

"Eu não esperava uma covardia dessas da parte dele. Ele matou uma pessoa inocente, que nunca o ofendeu, por ciúmes. Por saber que ela gostava de mim e que eu gostava dela. Não havia nenhum motivo e eu quero que ele seja condenado pelo crime que cometeu", disse Darly antes de ser ouvido pelo delegado Mardílson Vitorino.

José Góes Neto da Silva, o suposto assassino da madrasta, está acomodado em uma das quatro celas da Delegacia Geral de Xapuri. Ele será ouvido durante esta segunda-feira (17), mas já confessou a autoria do crime. A motivação foi a mais fútil possível: "Ela não gostava de meu pai e só queria o seu dinheiro", disse.

Darly Alves disse ainda não acreditar que a tragédia ocorrida neste domingo em sua fazenda interfira no benefício de prisão domiciliar concedido pela Câmara Criminal do Tribunal de Justiça e que deve vigorar até o dia 26 de dezembro deste ano. Ele afirma que Deus está do seu lado e que não pode mais uma vez pagar pelo o que não deve, aludindo o caso Chico Mendes.

"Deus está comigo e vai me defender. Não posso novamente pagar pelo que não devo. Já basta o caso do Chico Mendes, quando me pegaram para bode expiatório", afirmou.

Em dezembro de 1990, Darly e seu filho Darci foram condenados a 19 anos de prisão pela morte do seringueiro Chico Mendes. Os dois fugiram da prisão em Rio Branco em fevereiro de 1993. Darly só foi recapturado em junho de 1996 e Darci em novembro do mesmo ano. Darly tem outra condenação da Justiça Federal de Santarém (PA), por uso de documentos falsos num empréstimo bancário enquanto esteve foragido.

Darly cumpre pena no Acre por determinação da Justiça Federal de Santarém, Pará, onde foi condenado a dois anos e oito meses de prisão e pagamento de multa por uso de documentos falsos em um empréstimo feito no Banco da Amazônia no período em que ficou foragido, entre 1993 e 1996. O fazendeiro já esteve em prisão domiciliar por 90 dias, entre 4 de dezembro de 2007 e 4 de março deste ano.

O atual pedido de prisão domiciliar havia sido inicialmente negado pela juíza da Vara de Execuções Penais de Rio Branco, Maha Kouzi Manasfi. Ela considerou que o presídio oferecia as condições necessárias ao tratamento do apenado. O advogado do fazendeiro, Heitor Andrade Macedo, impetrou recurso junto à Câmara Criminal do Tribunal de Justiça.

Seguindo o voto do relator, desembargador Feliciano Vasconcelos, os demais membros da Câmara Criminal decidiram atender ao pedido da defesa. O advogado de Darly alegou que apesar de oferecer a dieta alimentar necessária, o presídio não dispõe da estrutura ambulatorial necessária para tratar de um paciente crônico, como é o caso do réu.